Desde que comecei a olhar pra argentinos eu tenho o "meu". Uso aspas porque não é meu, mas é aquele carma, sabe?
Três anos que conheço o bendito. Três longos anos. O conheci quando tinha saído com outro argentino, um date péssimo na real. A minha primeira impressão do carma foi "ual, ele é lindo" mas ao mesmo tempo terrível, me tratou mal, meio esnobe. Depois, porque frequentávamos os mesmos lugares, me adicionou magicamente no facebook (até hoje não sei como porque nunca havia dito meu nome pra ele, mas ok). Ele namorava na época uma mina.
O perdi de vista, por um ano e pouco. Mas sempre acompanhava as andanças dele por Buenos Aires e ainda que não seja stalker a gente acaba sabendo onde o fulano vai ou deixa de ir, né? E um dia topei com ele em um evento - no qual eu também estava acompanhada de um argentino (mais chato que o outro, por sinal) e ele simplesmente ficou assim ó: duas horas falando conosco ainda que por regras não era bem-vindo. Eu não liguei. Comentamos sobre coisas que gostávamos como se fossemos velhos conhecidos e como nunca havíamos feito antes. E quando o vi novamente me lembrei porque eu tinha gostado dele. Fu***.
Depois dessa noite começamos a nos falar muito, bastante mesmo. Todos os dias. Mas porque quando a gente gosta fica besta? Eu sou assim, minhas amigas brigam comigo sempre, estou tratando, ok? Enfim, eu acho que comecei errado desde aí: não deveria ter virado amiga, é mais difícil. Mas achei que era o correto na época. Tão amigos que além de nos falarmos direto, quisemos ter um projeto juntos e algumas vezes ele me ligava pra me acordar. Era meio viciante essa dependência dele.
Mas sempre o achei duro. Mais histérico que a maioria dos argentinos que conheci. Mas encantador também: inteligente, sarcástico, intenso. Senti tanto essa incerteza nele que acabei recuando por não saber onde estava pisando e achei que era arriscado demais jogar sujeira no ventilador. Houveram muitos momentos nos quais acreditei que era questão de tempo. Fuen. Outros momentos que acreditei que era falta de bebida. Fuen. E outros que achei que era porque sempre estávamos com amigos, só uma vez peguei um táxi com ele sozinha. Fuen. Daí desisti. Sabia que aquilo que eu sentia era por estar afim e também por não entender ele, nada mesmo.
Desisti não desistindo. Deixava as coisas rolarem. Mas nunca rolou nada além de indiretas bobas e que poderiam ser de brincadeira, a verdade é que hoje eu já não sei mais. Podia ser efeito da bebida e também podia ser efeito da histeria argentina, who knows?
Sei que houve uma tensão um certo dia provocada, acredito eu, por ciúmes. E depois dessa tensão nos afastamos, mas nunca esclarecemos nada. No meio disso cada um ficou na sua, até que brigamos e ficamos meses sem nos falar. Mas não foi briga, deixamos de nos falar seguido de troca de ofensas não ditas um na cara do outro, mas sempre por intermédio de pessoas entre a gente.
Minto se disser que não queria ligar pra ele pra saber o que havia ocorrido e minto também que não tentei enviar aquela mensagem no whatsapp. Mas argentino é histérico, tanto que eu tinha mais receio da reação dele do que de outra coisa. E sei também que fui orgulhosa. Acontece que um dia bebi e mandei e ele me respondeu. E a gente se resolveu, depois de bastante tempo. Mas não quero nem vou voltar a ser aquela amiga, ainda que faça falta. Porque se for pra começar de novo, vamos esclarecer os pontos e mostrar que histeria é um pé no saco, que drama é bom para conquistar e que se é pra rolar que role.
Tudo isso pra dizer que quando eu digo que os caras aqui são dramáticos e histéricos e mal resolvidos, é verdade. E por isso a gente vai pro bar né? Hahah. Bom finde.